Somos o tempo. Somos a famosa
parábola de Heráclito o Obscuro.
Somos a água, não o diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos aquele grego
que se olha no rio. O seu semblante
muda na água da mutável imagem,
no cristal que muda como o fogo.
Somos o vão rio determinado,
rumo ao seu mar, pela sombra cercado.
Tudo nos disse adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha sua moeda.
E contudo há algo que queda
e contudo há algo que se queixa.
Jorge Luis Borges, Os Conjurados
quinta-feira, 28 de maio de 2020
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2 comentários:
Que profundo e bonito esse texto, espero ser rio e que não seja essa parte do rio permanente. Preciso ser a passagem.Quem dera eu fosse o caminho...
Beijos
BLOG Reticências...
Muito bonito, sim, Juliana. :)
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