quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

ninguém conhece o infinito


A culpa é tua se dizes sempre
o mesmo nome
se tens sempre a mesma idade
e a mesma casa, se quando
revelas a tua identidade
é impossível que o céu te expluda
e que te acudas de incertezas
e de novos buracos.
A culpa é tua se ainda não
morreste, se nunca te
atrincheiraste à espera
de uma bomba que te mude os olhos
se nasces sempre no mesmo dia.
Não te aflijas.
Estás sempre a tempo de não
dormires na mesma posição
(com a mão aberta em esmola)

Também me custa
sobreviver a estes dias
mas o que ainda não chegou
é infinito.

Cláudia R. Sampaio

3 comentários:

MARIA DA FONTE disse...

Adorei este lugar. Prometo voltar para ler tudo o que aqui houver. Excelente!

Carlos Estroia disse...

Muito gosto!
Coisas do infinito, que vem a espuma do mar sem memória, sem futuro a desfazer-se no presente para renascer novamente.

deep disse...

Obrigada, Maria. :)

Carlos, seja bem regressado. :)