quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nenhum de nós

Nenhum de nós passeia impune
pelos retratos: fazem-nos doer
os recessos da memória.

Deles saltam, por vezes, sustos,
primeiras noites, secreta
loucura, lábios que foram.

Interditam-nos sempre.
Trepam-nos pelo torpor
mais desprevenido, subsistem.

A sua perenidade é volátil
e cheia de venenosos ardis.
Um sopro no acetato.

Distintos, os seus contornos
não são nunca
os que supomos.

Eduardo Pitta

4 comentários:

Isa Lisboa disse...

Alguns retratos fazem doer a memória, mas mesmo assim, às vezes faz bem olhá-los...

BlueShell disse...

Concordo com a Isa. O poema é muito bom. Obrigada. BShell

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Belo poema!

deep disse...

Obrigada pelos comentários e pela visita. Desculpem só agora responder, mas, como os comentários deste blog não aparecem na minha caixa de email, nem sempre me apercebo de que comentam. :)