Nenhum de nós passeia impune
pelos retratos: fazem-nos doer
os recessos da memória.
Deles saltam, por vezes, sustos,
primeiras noites, secreta
loucura, lábios que foram.
Interditam-nos sempre.
Trepam-nos pelo torpor
mais desprevenido, subsistem.
A sua perenidade é volátil
e cheia de venenosos ardis.
Um sopro no acetato.
Distintos, os seus contornos
não são nunca
os que supomos.
4 comentários:
Alguns retratos fazem doer a memória, mas mesmo assim, às vezes faz bem olhá-los...
Concordo com a Isa. O poema é muito bom. Obrigada. BShell
Belo poema!
Obrigada pelos comentários e pela visita. Desculpem só agora responder, mas, como os comentários deste blog não aparecem na minha caixa de email, nem sempre me apercebo de que comentam. :)
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