quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Não me perturbes

Não me perturbes.


Quero reclinar o meu peito no regaço da terra
descer num casulo de luz pairar como a bruma 
na urze calada e perfumada da serra.

E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.

Na criança adormecida em mim
ficam as pegadas na presença dos silêncios, 
nos diálogos e gestos escritos na areia polida 
das minhas palavras.
 

E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.
 

Não perturbes estas folhas que rodeiam o meu corpo 
povoando esta alma de música que ninguém ouve.
Não quero miscelâneas no meu poente.
Quero nascer os olhos em bocas de alegria.
Deixa ser-me criança, vestir de novo esta fantasia.

E não per tur bes o meu son ho.
Quero adormecer a noite enganar a lua
morrer o passado nesta inquietação
desta 
chama
nua

Manuela Barroso, Eu Poético

Sem comentários: