domingo, 1 de julho de 2012

Elegia

Nem os 
dias longos me separam da tua imagem. 
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou 
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos 
horizontes. O perfil cinzento da montanha, 
para norte, e a linha azul do mar, a sul, 
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia 
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do 
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo 
o silêncio para que dele possas renascer, 
sombra, e dessa presença possa abstrair a 
tua memória. 


Nuno Júdice

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