terça-feira, 12 de junho de 2012

Vem vento, varre

(Imagem: Soizick Meister)


Vem vento, varre
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.


Que fique apenas
erecto e duro
o tronco estreme 
de raiz funda.
Leva a doçura, 
se for preciso: 
ao canto fundo 
basta o que basta. 


Vem vento, varre! 


Adolfo Casais Monteiro

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