quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

sem ti...

A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra.

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;

Enfim, tudo o que a rara Natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está, senão te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias mor tristeza.

Camões

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