sexta-feira, 21 de março de 2008

Não tenhas medo do amor.

Não tenhas medo do amor.

Pousa a tua mão devagar sobre o peito da terra
e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas
que ali estão a crescer: o linho e genciana;
as ervilhas-de-cheiro e as campainhas azuis;
a menta perfumada para as infusões do verão
e a teia de raízes de um pequeno loureiro
que se organiza como uma rede de veias
na confusão de um corpo.
A vida nunca foi só Inverno,
nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes:
pousa a tua mão devagar sobre o teu peito
e ouve o clamor da tempestade que faz ruir os muros:
explode no teu coração um amor-perfeito,
será doce o seu pólen na corola de um beijo,
não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.


(Maria do Rosário Pedreira)

Encontrei este poema no "Portinho de Abrigo" da Xana e não resisti postá-lo, por ser tão belo. Não concordam?

2 comentários:

tsiwari disse...

nunca se deve dizer não a (qualquer) forma de amor...


****

eMe-a-eMe disse...

lindo.
e soube-me tão bem lê-lo.